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Conselho Regional de Psicologia Santa Catarina - 12ª Região



CRP-SC participa da etapa Sul do IX Seminário Nacional de Psicologia e Políticas Públicas


CRP-SC participa da etapa Sul do IX Seminário Nacional de Psicologia e Políticas Públicas
2018-07-04

Evento teve como objetivo orientar a categoria de psicólogas(os) e a sociedade sobre a atuação da Psicologia neste tema

No dia 28 de junho, aconteceu no Auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, a etapa Sul do IX Seminário Nacional de Psicologia e Políticas Públicas. O objetivo do evento foi dar visibilidade às práticas de profissionais da Psicologia nas políticas públicas e debater os desafios enfrentados, compartilhar experiências para fortalecer o exercício profissional e reafirmar garantias de direitos.

A conselheira do Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina (CRP-SC), Jaira Rodrigues, participou da mesa de abertura do encontro e buscou orientar a categoria de psicólogas(os) e a sociedade sobre atuação em educação, pela perspectiva da laicidade e dos direitos humanos. A psicóloga e conselheira do CRP-RS, Priscila Pavan Detoni, iniciou a discussão da mesa afirmando que Estado laico é aquele que aceita a pluralidade religiosa e busca a liberdade de crenças. A doutora em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e docente na Universidade do Vale do Taquari (Univates), abordou as relações de gênero e sexualidades nas políticas públicas e, como essas questões são alvo da conjuntura atual de avanço do conservadorismo.

Já o conselheiro do CRP-SC, Ematuir Teles de Sousa, trouxe importantes reflexões sobre as práticas de opressões e preconceitos naturalizados em nosso cotidiano, afirmando que "só vamos ter garantia de direitos e políticas educacionais que respeitem a diferença quando entendermos que alguns sujeitos ocupam lugares de privilégio em relação a outros". Nesse sentido, a(o) psicóloga(o) deve atuar com acolhimento, inclusão e respeito às diferenças, com práticas que não sejam normalizadoras ou patologizadoras, reforça Sousa, que também é mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e membro da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CFP).

Pedro Paulo Bicalho, psicólogo e conselheiro do CFP, falou a respeito da importância das políticas públicas para mudar a realidade de desigualdade e violência em nosso País, o que nos subjetiva enquanto população. Doutor em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professor do Instituto de Psicologia da UFRJ, Bicalho afirmou que laicidade não se opõe à religiosidade, mas sim ao fundamentalismo, no sentido deste operar com imposição de verdade, disseminação do ódio e vontade de punir. O professor argumentou, ainda, que educar é um ato político, uma vez que pode conservar ou transformar a realidade. 

Medicalização em contexto escolar

A mesa redonda que debateu a medicalização foi mediada por Manuele Araldi, conselheira do CRP-RS. A psicóloga e membro da Comissão de Direitos Humanos do CFP, Flávia Cristina Silveira Lemos iniciou a apresentação falando sobre as formas de controle da população por meio da medicalização, tendo em vista um conjunto de práticas que transformam o sujeito em objeto e lançam sobre este saberes específicos. A pós-doutora em Psicologia e Subjetividade pela Universidade Federal Fluminense (UFF),  e docente de Psicologia na Universidade Federal do Pará (UFPA) fez um resgate histórico a respeito de práticas  higienistas, bem como do conceito de medicalização em Foucault.

Abigail da Luz Trojack, psicóloga e membro da Comissão Psicologia Escolar/Educacional do CRP-PR, abordou a atuação clínica e a importância da recuperação de práticas não medicalizantes por profissionais da saúde e da educação. A especialista em Gênero e Diversidade na Escola pela Universidade Federal do Paraná (UFPR),  discorreu a respeito da transformação, na medicalização, de uma questão que é coletiva em algo particular. E, ainda, do quanto "é importante perceber que na relação entre um adulto e uma criança, há muito que diz respeito às necessidades do adulto ou da dificuldade de perceber que a criança está sendo apenas uma criança".   

O médico psiquiatra infantil, Ricardo Lugon Arantes, afirmou que medicalização não é apenas o ato de medicar realizado por um profissional da saúde, mas sim um processo, um olhar, sobre determinada questão. O mestre em Educação pela UFRGS trouxe o conceito de rede enquanto construção compartilhada por profissionais em contato dinâmico, em torno de uma situação, devendo se basear na autonomia de usuárias(os) e familiares. Arantes relatou, ainda, sobre o conceito de intersetorialidade, que deve superar o modelo clínico advindo da psiquiatria tradicional e deslocar o cuidado para o território, promovendo condições de construir e promover laços de pertencimento.

Durante o encerramento, a conselheira responsável pelo CREPOP no CFP, Marisa Helena Alves, falou sobre a importância da resistência, do diálogo e da coletividade, frente ao desmonte das políticas públicas, enfatizando a importância do CREPOP nesse cenário.

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