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Conselho Regional de Psicologia Santa Catarina - 12ª Região



CRP-SC debate narrativas sobre violências, sofrimento e exclusão ocorridas na Ditadura Militar no Brasil


 CRP-SC debate narrativas sobre violências, sofrimento e exclusão ocorridas na Ditadura Militar no Brasil
2018-12-18

No dia 10 de dezembro, o CRP-SC, via Comissão de Direitos Humanos, conjuntamente com a Comissão Pró-sistema de Prevenção  e Combate à Tortura em SC realizou o Debate Online em alusão aos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU). O evento abordou narrativas sobre violências, sofrimento e exclusão ocorridas na Ditadura Militar no Brasil, contando com a presença das psicólogas Yara Maria Moreira de Faria Hornke, da Comissão de Direitos Humanos do CRP-SC, e Marilena Deschamps Silveira, participante do Projeto Clínicas do Testemunho/ Núcleo SC e mediação do Conselheiro Ematuir Teles de Sousa, da Comissão de Direitos Humanos do CRP-SC, integrantes da Comissão Pró-Sistema de Prevenção à Tortura de SC.

O conselheiro afirma que o papel da(o) psicóloga(o) está diretamente ligado à Declaração dos Direitos Humanos. “Nosso primeiro princípio de código de ética para exercer a profissão é se basear no respeito, na promoção da liberdade, igualdade, dignidade, integridade. E estas estão ligadas à Declaração dos Direitos Humanos. Quando falamos de Direitos Humanos, falamos na nossa prática científica e do nosso compromisso social em estar unidos na luta pelos direitos de todas e todos”.

Ematuir também lembra que “somos o oitavo país que produz maiores riquezas no mundo, mas também o quinto país que mais produz desigualdade social. Produzimos muitas riquezas, mas não a distribuímos da melhor forma. Além de termos pessoas em miséria, somos o primeiro país que mais mata transexuais, o quinto que mais produz violência contra a mulher, e o nono país que mais assassina a sua juventude, em sua maioria  negra e periférica. Com esses dados, reconhecemos que vivenciamos práticas de desigualdade social, marcadas por questões de ordem estruturais de nossa sociedade como o machismo, o racismo e a LGBTfobia”, reitera.

De acordo com Marilena, este é um momento que marca o compromisso ético com o ser humano. “Participei como coordenadora do projeto Clínicas do Testemunho, que se encerrou em 2017. Essa experiência me permitiu verificar que a tortura autorizada por uma política de Estado traz muitos danos psíquicos tanto para aqueles que sofreram quanto para os descendentes. Nós ainda sofremos com o que foi vivenciado na ditadura. Todo o ato de violência caminha na contramão de qualquer possibilidade de construção subjetiva do sujeito”.

 

Yara resgatou algumas de suas experiências no tempo da ditadura militar, abordou a importância em ter pessoas que ainda lutam pelos Direitos Humanos. “Estamos colocados em uma situação de receio de um retorno de uma ditadura militar que vivi de corpo e alma nos anos de 64 até a anistia. Começou de forma branda como um movimento democrático, que se transformou em uma forma política, autoritária e perversa e que dizimou a vida de muitas pessoas do jeito mais brutal que podemos imaginar”, relembra.

A psicóloga também afirma que há uma uma onda de que é bobagem falar de ditadura e de Direitos Humanos e que é legal combater com violência qualquer ideia diferente do outro. “Se procurarmos na imprensa e nos filmes, temos grandes referências do que foi este período que minha geração viveu. Seria muito bacana se essas pessoas pesquisassem o que foi realmente este momento. Ditadura é a gente não poder ter opinião política, não poder se expressar, não poder votar, não poder fazer nada. Essa facilidade que hoje as redes sociais proporcionaram com liberdade é positivo. Porém, o ruim é não se admitir a discussão. Quando você só posta no Facebook sem necessitar de comprovação está tudo bem. As pessoas estão se acostumando a ter sua prepotência aplaudida sem precisar responder para ninguém, mas ainda bem que há contestações e pessoas que pensam em Direitos Humanos”, conclui.

O debate na íntegra pode ser acessado no link abaixo:

 

Outros debates e palestras também podem ser conferidos no canal do YouTube do CRP-SC. Acesse aqui

 

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