O CRP-12, atento à demanda da temática acerca do suicídio e à multiplicidade de fatores que a envolvem, realizou no dia 17 de julho, no Auditório do Conselho Regional de Contabilidade a Mesa Redonda "Suicídio e violências nas adolescências e juventudes”. A atividade contou com a participação presencial de aproximadamente 80 pessoas; e mais de 650 acompanharam a transmissão on-line. O sucesso do evento demonstra a relevância do tema junto à categoria.
Anita Bacellar, Ana Paula Araújo de Freitas e Nasser Haidar Barbosa debateram acerca do tema contemplando diferentes perspectivas, com o intuito de melhor instrumentalizar a atuação profissional frente às demandas que envolvem o suicídio e as violências contra adolescentes e jovens.
Segundo Anita - que atualmente é psicóloga clínica com base na abordagem centrada na pessoa, psicóloga hospitalar e professora universitária – o ser humano evita falar e pensar na morte. Há uma “negação da morte”, nós funcionamos como se a morte não existisse. Quando a morte chega nós perdemos a nossa “individualidade”. Explicando melhor esta análise, quando uma pessoa morre, nunca mais será possível viver a individualidade dela. E a dor surge quando há esta compreensão da perda da individualidade, pois não aprendemos a lidar com essa dor. Assim, se já é difícil falarmos de uma morte de fora para dentro, imagina falarmos de uma morte que vem internamente: o suicídio.
Ana Paula de Freitas - doutoranda em psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC e integrante do Grupo de Pesquisa Cultura e Saúde Mental - relata que o suicídio é uma forma de lidar com a dor de existir, seria como uma saída para o sofrimento, uma forma de livrar-se da angústia ou da incapacidade de atender às expectativas do outro. Os dados apresentados pela palestrante, a exemplo de que o suicídio é a segunda maior causa de mortes entre pessoas na faixa etária de 15 a 29 anos destacam a pertinência de se debater acerca deste assunto.
Entretanto, é fundamental que se faça uma relação entre o indivíduo e a sociedade na qual está inserido. O suicídio, então, deve ser trabalhado como um problema social. Quando estes indivíduos se sentem ouvidos, eles relatam a importância e a grande diferença que essa oportunidade de escuta lhes confere na vida.
“Toda morte traz algo sobre a sociedade na qual ela acontece.” (Berenchtein Netto).
O Conselheiro Nasser Barbosa - Coordenador Municipal de Saúde Mental e de Centro de Direitos Humanos em Joinville, e Coordenador do Eixo Saúde do CRP-12 - ressalta que é preciso colocar-se no lugar dos outros e olhar para o contexto geral em que estão inseridos. Em sua fala, Nasser fez com que os participantes se emocionassem e sensibilizassem ao trazer para o “mundo real” os números apresentados anteriormente.
Essa reflexão precisa estar inserida na conjuntura atual que vivemos no Brasil e no mundo, dentro de uma sociedade machista, sexista, racista e discriminatória na qual, infelizmente, ainda vivemos. É preciso que nos identifiquemos de uma forma genuína, que seja maior do que os números, fazendo um exercício de acolher o sofrimento, de se identificar com aquelas histórias, ignorando um pouco os diagnósticos e produzindo algum outro sentido, finaliza.
Matéria e fotos: Sidiane Kayser Schwinzer / Assessoria de Comunicação CRP-12