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Conselho Regional de Psicologia Santa Catarina - 12ª Região



Psicologia é laica e democrática


Psicologia é laica e democrática
2019-05-20

Com o objetivo de promover e valorizar a profissão de psicóloga(o), a campanha #PsicologiaÉProfissão, promovida pelo Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina - 12ª Região segue orientando a população sobre a importância das(os) profissionais de Psicologia serem qualificadas(os) e a obrigatoriedade de estarem habilitadas pelo conselho para o exercício profissional.

A cada mês, um assunto é abordado por especialistas da área. Em maio, o tema é “Psicologia e laicidade: ética e desafios”, com a psicóloga Juliana Rego Silva. Ela é a formada na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), possui mestrado em Psicologia Social.

Acesse o áudio da entrevista na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=q4AI-l_-iKw&t=21s

Psicologia é laica e democrática

No preâmbulo da Constituição de 1988, a linha final decreta: “promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil”. Mesmo se considerando um Estado Laico, ou seja, neutro perante a religião e que respeitaria todos os credos ou mesmo a falta dele, os dogmas das  religiões cristãs se impuseram nas leis nacionais ao longo dos séculos. Até hoje a laicidade do Estado é posta à prova a todo instante, principalmente em questões como os direitos reprodutivos das mulheres, a sexualidade das pessoas, a educação nas escolas, as pesquisas embrionárias, o uso de símbolos religiosos em repartições públicas e demais assuntos do cotidiano. “Precisamos pensar a laicidade a partir de três questões: jurídica, política e cultural”, afirma Juliana Rego Silva, psicóloga colaboradora do Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina (CRP-SC).

Segundo ela, em teoria, deveria haver uma separação entre religião e política. “Separar é diferente de negar a religião, muito pelo contrário. A laicidade é um dispositivo que promove a diversidade, o respeito e acima de tudo, a garantia de que possam existir tantas quantas forem as religiões, mas sem interferência no Estado, ao mesmo tempo em que nenhuma questão religiosa deveria infringir as leis ou restringir a atuação das políticas públicas governamentais”, explica.

Para Juliana, todos as pessoas, mesmos os psicólogos, podem ter a sua religião ou manifestar sua espiritualidade. “Faz parte do sujeito, é muito singular. Sob a ótica da Psicologia, que é baseada na laicidade, queremos problematizar o uso da religião ou do discurso espiritual como estratégia organizada que regula a vida do sujeito. Não podemos misturar as duas coisas”, defende.

Projeto político

No Brasil, uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada em março de 2018, apontou que 79% dos brasileiros concordam em parte ou totalmente que é importante que um político acredite em Deus.

O alto índice refletiu nas urnas em outubro: na última eleição, a bancada evangélica em Brasília cresceu. Na Câmara dos Deputados foram eleitos 84 candidatos identificados com a crença evangélica – nove a mais do que na última legislatura. No Senado, os evangélicos eram três e agora, em 2019, representam sete cadeiras. No total, o grupo soma 91 congressistas. “Não é de hoje que a religião e a política caminham juntas, mas concordo que atualmente, existem grupos fundamentalistas com um projeto de poder político e econômico claro de dominação sobre as questões étnicas, do corpo, da sexualidade, da educação, e demais temas da vida cotidiana”, alerta.

No caso da Psicologia, esse projeto político utiliza de discursos conservadores e morais, que confrontam a postura ética exigida pela profissão. Em um artigo sobre o mesmo tema, Juliana citou o movimento “Psicologia Cristã”, composto de posicionamentos e práticas extremamente preconceituosas e limitadoras às práticas democráticas, que o Conselho Federal de Psicologia e o Sistema Conselhos confrontaram imediatamente. “Este é apenas um dos exemplos que podemos trazer para ao tema, que dizem a respeito ao nosso campo de trabalho”, advertiu.

Por isso, pesquisar muito sobre a atuação e qualificação da profissional da Psicologia é fundamental. “Quando temos uma classe de profissionais que responde por um Conselho de Ética, supostamente deveríamos ter a garantia de uma certa qualificação no debate. Então, se alguém procurar uma psicóloga que esteja registrada adequadamente ao órgão, previamente essa profissional, em teoria, está amparada nos preceitos éticos da profissão e preparada para contribuir com o debate” conclui.

Consulta

O Conselho Federal de Psicologia tem um cadastro nacional onde qualquer pessoa pode checar se a (o) profissional está habilitado pelo CFP para atuar e não responde por nenhum processo ético. A consulta pode ser feita no link http://cadastro.cfp.org.br  e a pesquisa pode ser feita por nome, número de registro e região.

 

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