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Conselho Regional de Psicologia Santa Catarina - 12ª Região



Indígenas prestam homenagem ao professor Marcondes Namblá em Penha


 Indígenas prestam homenagem ao professor Marcondes Namblá em Penha
2018-01-12

Manifestação aconteceu na avenida Eugênio Krause, cidade de Penha/SC, local onde o líder indígena foi espancado

Representantes do Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina (CRP-SC) acompanharam, no dia 10 de janeiro, o protesto pacífico em homenagem ao professor e líder indígena da Comunidade Xokleng Laklãnõ, Marcondes Namblá, brutalmente espancado no dia 01 de janeiro na cidade de Penha, em Santa Catarina. A manifestação teve o apoio da Polícia Militar e de diversos movimentos negros e quilombolas, além de alunos e professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Mais de 50 indígenas das mais variadas etnias realizaram cantos, expuseram cartazes pedindo justiça e palavras de homenagem e pesar à Namblá. O ato aconteceu na avenida Eugênio Krause, na Praia de Armação, local onde ocorreu o crime. Marcondes vivia na Terra Indígena Ibirama-La Klãnõ, no município de José Boiteux, centro do estado, e deixou cinco filhos. Segundo o cacique da aldeia, Agnaldo Vonble Farias, a comunidade Xokleng teve uma enorme perda neste início de ano. “Perdemos nosso professor, defensor da nossa língua, cultura, e também nosso juiz. Alguém que nunca fez mal a ninguém e que vai ficar marcado na história desta cidade. Este local onde ocorreu o crime será sagrado para nós, pois aqui há sangue Xokleng”, ressaltou.

A professora da aldeia e colega de Marcondes, Zilda Prilpra, não conteve as lágrimas durante o manifesto e informou que este foi um ato cruel, que fez com que o sonho de ser professor universitário acabasse de forma prematura. “Chega de nos matarem, de matarem nossos sonhos. Estamos aqui para mostrar para a sociedade não-indígena que somos sobreviventes e não vamos nos calar. Estaremos sempre lutando em memória do professor Marcondes, para que as autoridades vejam que nós jamais esqueceremos dele”. Zilda revelou durante entrevista que o projeto de Namblá para 2018 era iniciar o mestrado em antropologia.

Marcondes inspirava-se no primo, Nanblá Gakran, que é doutor em linguística pela Universidade de Brasília e atualmente leciona na UFSC, sendo reconhecido como especialista em história oral indígena. “Como pesquisador, eu tinha um projeto com Marcondes que, devido a esta tragédia, não poderá ser continuado. Neste local foi tirada a vida de um Xokleng, mas isso fará com que nossa cultura sobreviva mais. Vamos exigir das lideranças de Penha justiça e um lugar para que os indígenas possam mostrar seu trabalho, cultura e evitar novos crimes bárbaros como este”, reforçou.

Para a psicóloga e colaboradora da Comissão de Direitos Humanos do CRP-SC, Yara Hornke, o evento foi significativo, principalmente pelo número de indígenas contrastando com a placidez da cidade. “Vimos no protesto uma postura de luta organizada, algo peculiar dos índios com sua vestes, pinturas e cantos, contrastando com a civilização branca. Vivenciamos neste local uma atitude de protagonismo indígena, porém, sentimos falta da participação dos moradores da cidade para apoiar o ato e prestar sua solidariedade”, disse.

Jeruse Romão, representante do movimento negro e quilombola de Santa Catarina, declarou que precisamos acabar com este tipo de racismo. “O Brasil é um país miscigenado, rico em cultura e que precisa acabar com o racismo contra negros e indígenas, que são a base do nosso povo”.

 

 

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