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Conselho Regional de Psicologia Santa Catarina - 12ª Região



Florianópolis discute a Atenção Psicossocial


Florianópolis discute a Atenção Psicossocial
2019-07-04

Nos dias 1, 2 e 3 de julho, no CentroSul, em Florianópolis, o Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina (CRP-SC) realizou a quarta edição do Seminário de Atenção Psicossocial: as Possibilidades de Cuidado Integral na Atualidade. Ao longo dos três dias, o evento reuniu mais de 1300 pessoas, entre profissionais, professoras(es), pesquisadoras(es), usuários, militantes da luta antimanicomial, entidades da Psicologia, universidades e movimentos sociais organizados que formam a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), para debater os caminhos e as melhorias no cuidado integral dos usuários.

O conselheiro do CRP-SC, Ematuir Teles de Souza comandou a cerimônia de abertura, apresentando a composição da mesa e falando sobre a formação coletiva que organizou o Seminário. “Estamos todos aqui de forma organizada para debater e defender esta importante política pública que é a RAPS. É uma forma de demonstrar a potência necessária contra os retrocessos, conhecer e compartilhar o que as (os) psicólogas (os) estão fazendo em Santa Catarina”, resumiu Ematuir.

Representando o CRP-SC, a conselheira Simone Vieira de Souza destacou que o evento marca o início das comemorações do Dia da (o) Psicóloga (o), celebrado em 27 de agosto. “O Seminário é uma importante referência no cenário nacional, como forma de construção de espaços de diálogo, de aproximação entre trabalhadoras(es), gestoras(es), instituições formadoras e sujeitos de direitos aos serviços de saúde. Nos Permite encontrar umas com as outras, formar algo potente. Ninguém solta a mão de ninguém”, bradou.

Tânia Grigolo, que representou as trabalhadoras(es) da Atenção Psicossocial, comentou sobre a participação da classe profissional na luta. “Este evento é histórico, em que transparecemos o nosso compromisso que temos com as pessoas, suas singularidades e seus direitos. Nós, trabalhadoras (es), sempre estivemos na luta pela vida das pessoas. A Saúde Mental tem uma missão civilizatória, que melhora a sociedade, não podemos arredar. Vamos manter a ousadia em inovar e a utopia em sonhar com um mundo sem manicômios”, declarou.

Na abertura do evento, quem deu voz às usuárias e usuários do RAPS foi Carla Oliveira, da associação Alegre Mente (entidade de utilidade pública, sem fins lucrativos, que luta pelos direitos e deveres dos usuários do CAPS, em Florianópolis). “Quero agradecer ao CRP-SC por nos incluir na organização do Seminário. Estou aqui representando a dor, a resistência e a persistência. Espero que neste espaço possamos fortalecer e aprender”, argumentou.

Outro grupo bem representado no evento foi a população LGBTI+. Bruna Benevides, da Associação Nacional dos Travestis e Transsexuais (Antra) reforçou da defesa de uma Psicologia Laica, em que as singularidades das pessoas sejam respeitadas. “É muito fácil se organizar contra as gays, trans e demais. Precisamos contra atacar, combater a internação compulsória e nos posicionar contra as terapias que prometem a reorientação ou reversão da orientação sexual e da identidade de gênero”. Ela também lembrou do novo desafio da despatologização da Transexualidade, após retirada do Classificação Internacional de Doenças (CID), da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Ainda será necessário pensar como nos comportamos diante disso, como deve ser essa escuta. Peço que nos tornemos agentes multiplicadores da causa”. 

Bruna também participou de mais um evento no primeiro dia do IV Seminário, o lançamento do livro “Psicologia, Travestilidades e Transexualidades: Compromissos ético-políticos da Despatologização”.

De acordo com Paulo Maldos, que representou o Conselho Federal de Psicologia (CFP), a cerimônia de abertura mostrou que o evento será histórico e exitoso. “Essa mesa representar a diversidade de alguns sujeitos de direitos, já é algo acertado. O Seminário está em sintonia  com tudo aquilo que lutamos na esfera federal”, alegou. Ele também fez uma análise do cenário nacional de retrocessos. “Estamos vivenciando uma ‘vingança’ de classe contra as minorias e um ataque aos avanços sociais nos últimos 30 anos. Precisamos ser criativos e lutar. Temos que acertar a cabeça para acertar o passo”, definiu.

 Finalizando a mesa de abertura, a conselheira do CRP-SC, representante da União Latino-Americana de Entidades de Psicologia (Ulapsi) e uma das idealizadoras do Seminário há quatro anos atrás, Jaira Terezinha Rodrigues relembrou a trajetória do evento e sua estruturação de forma coletiva. “Esta não é apenas uma mesa representativa. Aqui todos são parceiros, cada um que está presente, tem uma luta, uma história. É muito significativo ver isso  concretizado”, comemorou.

Jaira também sustentou que o Seminário é apenas uma das iniciativas do Conselho no Eixo Saúde. “São muitas as iniciativas que o CRP-SC vêm pensando no assunto. Acredito que cada vez mais é necessário essa união de bases, como a rearticulação da frente parlamentar, as conferências de saúde, o Encontro de Saúde Mental realizado pela Associação Brasileira de Saúde Mental (Asbrame). Este ano, o Seminário se tornou maior devido ao momento em que vivemos, em que precisamos criar resistência”, concluiu.




 


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