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Conselho Regional de Psicologia Santa Catarina - 12ª Região



Dia Internacional de Apoio às Vítimas de Tortura foi tema de debate na Alesc


Dia Internacional de Apoio às Vítimas de Tortura foi tema de debate na Alesc
2019-07-09

O Dia Internacional de Apoio às Vítimas de Tortura foi lembrado em Santa Catarina. Na noite desta quarta-feira, 26 de junho, o plenarinho Deputado Paulo Stuart Wright, da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, sediou a primeira atividade do Ciclo de Debates da Comissão de Prevenção à Tortura, pela Comissão Estadual Pró-Sistema de Prevenção e Combate à Tortura com o apoio do Conselho Regional de Psicologia (CRP-SC). O local do primeiro encontro foi simbólico, já que Wright, deputado cassado pelo Ato Institucional no 5, é desaparecido político desde 1973, quando foi preso pelos militares e nunca mais encontrado.

Até o mês de dezembro, estão agendados mais quatro debates, com objetivo de alertar e manter viva a memória e combater os discursos de ódio, a negação do regime de exceção e a tortura no Brasil. “A Comissão de Combate à Tortura realiza este trabalho há quatro anos, promovendo diversas ações sobre o tema. Temos ainda uma resistência muito grande do Estado e da própria sociedade catarinense em reconhecer seu passado”, afirma Yara Hornke, psicóloga e colaboradora da Comissão de Direitos Humanos do CRP-SC e uma das componentes da mesa que relataram suas histórias de opressão vivida durante o Regime Militar (1964-1985).

Com a presença de vítimas da ditadura militar, a discussão contou com a mediação de Marilena Deschamps, psicanalista que trabalha com grupos de apoio às vítimas. Segundo ela, como houve um silenciamento sobre algo que o Estado deveria se responsabilizar, a tortura ainda prevalece em alguns cenários. “Corremos um grande risco que isso se repita, mesmo após 50 anos”. Deschamps afirma que nem mesmo a Lei da Anistia ajudou a “ajustar” o passado. “A Lei é ambígua e viabiliza que alguns sujeitos continuem impunes.”

Entre os presos e violentados pela ditadura que marcaram presença no debate, João Rocco relatou sua história. Ele, que fazia parte da luta armada, foi capturado pelos militares, torturado e baleado nas cordas vocais, o que comprometeu sua capacidade de fala. “Era uma desigualdade lutar contra aquilo, a estrutura do governo era brutal. Eles não perdoavam”, relatou.

Outra vítima do Regime, Marlene Soccas, contou a sua experiência quando foi torturada, “Eu estava em São Paulo, estudando quando fui presa pela Operação Bandeirantes. Era parte do povo brasileiro que resistia contra a ditadura”, contou. Na ocasião ela distribuiu o livro “Meu Querido Paulo” em que descreve a sua história e sua relação de amizade com Paulo Stuart Wright.

A presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputada Ada de Luca (PMDB), filha do deputado Addo Vânio Faraco, que também foi preso político, afirma que é importante organizar palestras e discussões sobre o tema. “Um país sem história é um país sem memória, ou seja, tudo que vêm explicar o passado, principalmente para os jovens, precisa ser debatido”, concluiu.

Confira a programação do próximo ciclo de debates da Comissão Pró-Comitê de Prevenção e Combate a Tortura:

http://www.crpsc.org.br/noticias/ciclo-de-debates-da-comissao-de-prevencao-a-tortura 

 


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