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Conselho Regional de Psicologia Santa Catarina - 12ª Região



Debate online aprofunda questões ligadas ao racismo e à igualdade social


Debate online aprofunda questões ligadas ao racismo e à igualdade social
2018-03-28

Evento foi transmitido no dia 21 de março, Dia internacional pela Eliminação da Discriminação Racial

Na noite de quarta-feira, 21 de março, o Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina realizou o primeiro debate online de 2018, que teve como tema: “Qual o compromisso ético-político da psicologia nas relações raciais?”. A transmissão foi realizada na data internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, registrada pelas Organizações das Nações Unidas – ONU, após a morte de 69 africanos em 1960, em Joanesburgo, quando a polícia atirou contra manifestantes desarmados. “Essa data é marcada pela ONU para a gente não esquecer e não repetir tais atrocidades da nossa história”, disse a mediadora e psicóloga Yara Hornke, que iniciou o debate.

No evento foi abordada a questão histórica do Brasil, onde viveu-se um longo período de escravidão, que trouxe consequências severas para a população negra. “Nos dias atuais a questão racial está muito claramente colocada a partir do assassinato da nossa querida companheira de luta, Marielle”, salientou Yara. Os objetivos do debate foram dialogar com a categoria sobre a Psicologia e as relações raciais, além de lançar o Documento “Relações Raciais - Referências Técnicas para a Atuação de Psicólogas(os)”, do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP). Link da publicação http://www.crpsc.org.br/ckfinder/userfiles/files/19_%20Relacoes_Raciais_Refer%C3%AAncia_T%C3%A9cnica_2017.pdf

 A Psicóloga e Coordenadora Estadual da Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) de Relações Raciais e Subjetividades, Bruna da Costa Pereira, apresentou o objetivo do grupo que existe desde 2016 em Santa Catarina - e desde 2010 nacionalmente. “Temos nos organizado com Psicólogas(os) negras(os) e não negras(os), que trabalham no seu cotidiano com a questão racial, com o objetivo e mobilizar a categoria em torno desta temática, no sentido de auxiliar na compreensão destas marcas históricas e sociais que o racismo causa”, destacou.

Para a Doutora em Psicologia Social (USP), Lia Schucman, que participou da elaboração do Documento “Relações Raciais: referências técnicas para atuação de psicólogas(os)”, o racismo é um problema estrutural na sociedade brasileira que atua na base de questões que chegam à instituições de políticas públicas como CAPS, CREAS, nos quais as(os) profissionais da Psicologia estão inseridos. “O documento Relações Raciais tem cinco eixos: no primeiro fala-se sobre a dimensão histórica, conceitual e ideológica do racismo; o segundo eixo trata sobre racismo institucional, interpessoal e pessoal; já o terceiro eixo, versa sobre o enfrentamento ao racismo e como o movimento negro tem atuado. O eixo quatro traz abordagens a respeito da Psicologia e o tema em questão; e o quinto, sobre a atuação da(o) Psicóloga(o) na desconstrução do racismo e promoção da igualdade”, reforçou. Lia citou, ainda, exemplos práticos das questões apontadas nos eixos do documento.

 A Psicóloga e mestranda em Psicologia na UFSC, Renata Lima, que é integrante do Coletivo Kurima, ressaltou: “O nosso movimento coletivo nasceu da necessidade de debater a questão racial na universidade e de nos fortalecermos no dia a dia na academia, buscando repensar os espaços e ações para rebater a cultura de que a universidade é vista como um espaço branco, e fortalecendo outros espaços coletivos dentro da própria UFSC”.

Questões relacionadas à Psicologia e ao racismo, interligados à educação, atendimentos em clínicas, políticas públicas e retrocessos vieram à tona nas falas. Também foi abordado como a Psicologia pode contribuir enquanto ciência e profissão para disseminar o tema Étnico Racial. Outros assuntos como as dificuldades enfrentadas pela sociedade que não se constitui racializada e comentários acerca da lei 10.639 de 2003 também foram discutidos. Houve, ainda, a citação, como fonte, da Biblioteca do site do Ministério da Educação, a qual disponibiliza materiais para educadores sobre a história afro-brasileira.

 “Precisamos estar sempre questionando nossas práticas, essas epistemologias. Talvez este seja o desafio de estar reconstruindo essas bases para o futuro”, ressaltou Bruna. Segundo a mestranda Renata, “os retrocessos aumentam a vulnerabilidade destes grupos, que são marginalizados desde sempre”, alegou. A doutora Lia fechou o debate reforçando que precisamos lutar contra o racismo. “Numa sociedade onde o racismo é estrutura, todas(os) nós precisamos ser antirracistas. Não adianta ser ‘não racista’, temos que lutar contra o racismo”, defendeu.

Confira o debate online na íntegra no canal do youtube do CRP-SC.

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