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Conselho Regional de Psicologia Santa Catarina - 12ª Região



CRP-SC participa de Encontro de Saúde Mental e Resistência Antimanicomial


CRP-SC participa de Encontro de Saúde Mental e Resistência Antimanicomial
2017-11-17

No encontro, a presidenta do CRP-SC, Jaira Rodrigues, convidou os presentes para a caravana de Bauru/SP
 
Na noite de quarta-feira (08) a presidenta do Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina (CRP-SC), Jaira Rodrigues, participou da mesa de abertura do Encontro de Saúde Mental e Resistência Antimanicomial, realizado nas dependências da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis. O evento foi promovido pelo Coletivo de Produção Integrada de Resistência Antimanicomial (PIRA), com apoio do Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina.
 
O início do encontro foi marcado pela realização da mesa redonda que abordou o tema: “Dificuldades e estratégias da resistência antimanicomial em Florianópolis”. Durante a apresentação, Jaira destacou o apoio do CRP-SC em espaços de resistência e definição estratégica e também convidou os presentes a participarem da caravana promovida pelo Conselho para participação em evento alusivo aos 30 anos de resistência da Luta Antimanicomial, que acontecerá em Bauru/SP, dias 8 e 9 de dezembro. “Vivemos um momento onde resistir é necessário e, como Conselho, buscamos estar ativos em lutas que dialogam com a saúde mental. Temos procurado fomentar esta luta contribuindo com eventos que façam um debate sobre questões que são pertinentes para a Psicologia catarinense”, declarou.
 
Durante o debate, a presidenta da Associação Linda Mente do CAPS II Ponta do Coral, Carla de Oliveira, ressaltou a falta de um olhar detalhado para os usuários da cidade, assim como a necessidade iminente da instalação de um CAPS III na Grande Florianópolis. O psicólogo do Instituto de Psiquiatria de Santa Catarina (IPQ), antigo Hospital Colônia Sant’Ana, Luiz Gonzaga Cardoso, informou que é preciso avaliar os avanços desta resistência, que completa 30 anos, e também pensar em instrumentos sociais locais. “A dificuldade está na capacidade de excluir estas pessoas. Já estamos há 30 anos nesta luta e, neste período, tivemos avanços e retrocessos, mas não conseguimos tirar isso da sociedade. Precisamos entender que o diagnóstico destaca uma incapacidade, e o manicômio nega todos os demais talentos do ser humano”, disse.
 
A psicóloga do CAPS AD da capital, Tania Grigolo, enfatizou que a Grande Florianópolis é responsável por 80% dos internamentos do IPQ-SC. “A saúde mental e a assistência social estão em jogo. Precisamos discutir sobre uma reforma psiquiátrica em Santa Catarina. Nossa luta precisa ser grandiosa para mostrarmos novas formas de tratar sem remédios, tirando o medicamento do altar. Mostrando que a cidadania e a formação política fazem parte do tratamento destas pessoas. Porque a cultura do manicômio ainda está incrustada em nós”, reforçou.
 
O psicólogo da Prefeitura Municipal de Florianópolis e professor da Faculdade de Psicologia CESUSC, Felipe Faria Brognoli, contextualizou a luta e a importância dos movimentos sociais para a resistência antimanicomial e chamou os presentes para se manterem na batalha. “Passaram-se 30 anos desta luta, que ainda não acabou. Temos uma geração muito nova neste evento, e outra nem tão nova assim, isso por si só, é um ato de resistência, pois, ainda estamos aqui defendendo as políticas públicas, contra a possibilidade de retrocesso”, ressaltou.

CRP-SC debate os afazeres da Psicologia na saúde

O último dia do Encontro de Saúde e Resistência Antimanicomial, realizado em 10 de novembro, nas dependências da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, foi de debate sobre os afazeres da Psicologia nos tempos de desmonte. O evento proposto pelo Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina (CRP-SC) buscou criar um diálogo entre a sociedade, profissionais da área da saúde e, principalmente, psicólogas(os). A presidenta do CRP-SC, Jaira Rodrigues, reforçou que o momento pede união e resistência da categoria, principalmente daqueles que estão à frente das políticas públicas do Brasil. “Vivemos um momento em que é importante se posicionar em luta para que conquistas históricas não cheguem ao retrocesso”, declarou.

A doutora em Psicologia e professora universitária, Ana Lopes, contextualizou a história da saúde no Brasil, principalmente as constantes lutas da saúde mental. “Antigamente era muito difícil ter acesso ao direito da saúde, e hoje, eles estão tentando nos tirar isso. A perspectiva é que o parto manicomial volte a se instalar no Brasil. A atenção básica em saúde tem sofrido ataques graves, e isto não é apenas um desmonte no SUS ou saúde pública, mas também na saúde suplementar”, advertiu.
O usuário e professor de educação física, Valdevino Nascimento, concordou com a professora e reforçou a importância da militância neste momento. “Estamos vivendo um ataque aos direitos constituídos”. Nascimento ainda citou no encontro a participação maciça dos usuários do CAPS durante audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Santa Catarina sobre o tema. “Foi lindo ver diversos usuários buscando sua cidadania. Somente isso já foi uma vitória para mim. As pessoas precisam entender que quanto mais perto da cidadania estamos, ficamos mais longe da loucura. Temos que nos reunir, nos organizar e conhecer a política, porque lá existem pessoas eleitas por muitos, mas representando poucos”, observou.

O estagiário do CAPS II, Ian Jacques, comentou as dificuldades enfrentadas para quem atua nas políticas públicas do país. “Os agentes e usuários do CAPS é que sustentam este trabalho de políticas públicas, tendo em vista a precariedade que se têm. Vivemos uma escassez de recursos. Como encontrar e nos manter ativos diante deste cenário?”, questionou Jacques. Profissionais de outras áreas da saúde, como enfermagem e farmácia, e de outros estados, como Rio Grande do Sul, estiveram presentes e contribuíram para o debate trazendo suas realidades locais. Jaira ressaltou a importância desta troca de experiências. “No CRP-SC, temos o Eixo Saúde, que discute a saúde como um todo, principalmente ‘qual o lugar da saúde mental na atenção integral básica’. É de extrema relevância este diálogo com outros serviços e demais profissionais da saúde, até para conseguirmos chegar a uma visão do lugar do usuário e pensarmos estratégias de luta pelo que se construiu até hoje. Não vemos a Psicologia como centro deste processo, mas sim como parte”, informou.

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