Na tarde desta última quinta-feira, dia 14 de fevereiro, a luta feminista se fez presente no centro da capital catarinense. A Comissão Mulheres e Psicologia do Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina (CRP- SC - 12ª região), participou das atividades, que iniciaram às 16 horas, em frente ao Terminal Integrado do Centro (Ticen), com panfletagem convidando a população para participar do evento 8Marielle - Greve Internacional de Mulheres 2019, agendada para o próximo dia 8 de março.
No local também foi exibida uma faixa com os nomes das 117 vítimas do feminicídio em janeiro neste ano no país. “O movimento 8M é realizado em várias partes do mundo e é a terceira vez que acontece no Brasil. Neste ano ele está descentralizado, ocorrendo em vários lugares do Estado, promovendo a luta contra todos os tipos de opressão e destacando o descaso na solução do crime de execução da deputada estadual Marielle Franco, assassinada há 11 meses no Rio de Janeiro”, explica Paula Helena Lopes, colaboradora da Comissão e organizadora do evento.
Segundo ela, o CRP-SC, junto com outros movimentos sociais, entidades e conselhos de classe podem construir uma frente ampla em favor dos direitos humanos. “É muito importante que as psicólogas lutem pela causa das mulheres. Somente aqui em Santa Catarina somos mais de 11 mil profissionais mulheres e cerca de 1.500 homens”, destaca.
Em seguida, o grupo Madalenas na Luta - Teatro das Oprimidas fez uma performance que homenageou mulheres vítimas do feminicídio. Em seguida, o cortejo seguiu pelas ruas do Centro, em direção à Escadaria do Rosário, onde foram realizadas mais homenagens e protestos contra a violência.
Roda de diálogos
Após a ação, as manifestantes se dirigiram ao Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Santa Catarina (Sinte), onde foi realizada a roda de diálogos Lesbofobia, Feminicídio e violência contra as mulheres, idealizada e realizada em parceria com a Marcha Mundial das Mulheres de Santa Catarina, com a participação da Dra. Suane Felipe Soares, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Dra. Janyne Sattler, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e mediação da Comissão de Mulheres e Psicologia do Conselho.
Durante a roda, a Dra. Suane apresentou o Dossiê sobre Lesbocídio no Brasil, resultado de um projeto de pesquisa que investiga as especificidades dos assassinatos de lésbicas no Brasil. “Os dados foram captados de várias fontes e tem como objetivo principal trazer visibilidade do tema na construção políticas públicas em defesa da mulher lésbica. A falta de informação é mais uma forma de violência e precisa ser combatida”, enfatiza a pesquisadora.
A Dra Janyne, professora do Departamento de Filosofia da UFSC agradeceu o convite do CRP-SC e elogiou o estímulo para que outras áreas das Ciências Humanas participem desta mobilização. “Além de lutar contra a desumanidade das mulheres, precisamos entender por que chegamos a este ponto na sociedade. O patriarcado e o machismo estão tão bem estruturados que quase não percebemos as sutilezas dessas violências”, complementa.
Na avaliação de Pâmela dos Santos, psicóloga conselheira vice presidente do Conselho e coordenadora da Comissão Mulheres e Psicologia, o Código de Ética tem como princípio a Declaração Universal dos Direitos Humanos, então o papel do Conselho é também o de incentivar a categoria a ser comprometida com a causa. “A Comissão existe desde 2017 e estamos todos os dias relembrando o óbvio, que é defender o direito das pessoas contra as violências do machismo”, finaliza.
