Entre os dias 27 a 30 de junho a equipe técnica e parte das(os) atuais conselheiras(os) do CRP-12 participaram do 3º Fórum de Direitos Humanos e Saúde Mental, realizado na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. Tendo como tema “Democracia, saúde mental e violações de direitos: consequências humanas”, a atividade, organizada pela Associação Brasileira de Saúde Mental - ABRASME foi qualificadora para a equipe, com o intuito de contribuir, em especial, nas atribuições de orientação à categoria posteriormente.
A conferência principal contou com a Presidenta do CRP-12, Jaira Terezinha da Silva Rodrigues, na Mesa de Abertura, além de outras entidades unidas pelo interesse de lutar contra a intolerância e as injustiças de uma sociedade desigual e preconceituosa. O objetivo central do evento foi problematizar as violações de direitos humanos e a política de saúde mental que acontece nos diversos cenários do Brasil. Com esta reflexão a conferencista Márcia Tiburi iniciou sua fala destacando que o diálogo não é uma coisa que acontece por conta de uma conversação, ele acontece única e exclusivamente quando conseguimos “escutar”. Assim, a prática ética da escuta deve ser levada adiante, em especial, nestes tempos difíceis que estamos vivendo no País.
Uma das análises da palestrante sobre a atualidade é que ao pensarmos no Brasil contemporâneo, nos encontramos na falta de reconhecimento da alteridade e em um quadro mental coletivo de “delírio”. Este delírio corresponderia ao estado de exceção na política, vivido atualmente. A estrutura da nossa subjetividade, o colonialismo latente e a dificuldade de aprender outro modo que não seja aquele comum a uns e outros, ou seja, aquele que já conhecemos, além da violência verificada na maioria dos discursos - refletem a falta de diálogo e a indisponibilidade de uma troca - neste momento, em nossa nação. “Qualquer amor já é um pouquinho de saúde e um descanso coletivo”, complementa.
Roda de Conversa com Psicólogas(os) e CRP-12
Dia 29/06, à tarde, a equipe técnica e as(os) conselheiras(os) que estiveram presentes como representantes do CRP-12: Jaira Terezinha da Silva Rodrigues; Alexandre Aleixo; Marcos Henrique Antunes; Ematuir Teles de Sousa; e Pâmela Silva dos Santos, promoveram, em parceria com a ABRASME, uma Roda de Conversa. As pautas versaram sobre “A psicologia no campo de atuação na rede de atenção psicossocial”, além de serem tratados assuntos como o foco da Comissão de Orientação e Fiscalização na gestão atual deste Conselho, a qual prevê um olhar mais para a orientação do que para a fiscalização em si, e a ideia de manter um diálogo mais próximo com a categoria.
Segundo a equipe técnica do CRP-12, pensar em como manter a qualidade técnica do trabalho diante do desmonte que está acontecendo no Brasil, entre eles a ausência de CAPs, CAPsi, CAPS3 ou da implementação da rede de saúde mental em seu conjunto são grandes desafios neste momento. A rearticulação dos Fóruns Estaduais com a participação mais efetiva dos trabalhadores e dos usuários é relevante para se pensar em estratégias de enfrentamento aos retrocessos.
O CRP-12 vem lançando ofícios e notas técnicas com a finalidade de esclarecer a importância das políticas públicas para a categoria e a sociedade em geral. Então qual seria o papel da(o) psicóloga(o) frente às políticas públicas? Em princípio, pensar em uma formação política que dialogue com os usuários e apresente a eles seus direitos.
Exibição do Documentário “Redução é a Chibata: uma reflexão sobre a redução da maioridade penal no Brasil”
No último dia do evento, o CRP-12 organizou a exibição do documentário “Redução é a Chibata”, produzido pela Boa Nova Filmes, com direção de Luiz F. F. Machado. O filme faz uma crítica à redução da maioridade penal no Brasil, esclarecendo alguns pontos a respeito do que está nas entrelinhas desse projeto de criminalização da juventude, das diferenças e da desigualdade social. A redução da idade penal para 16 anos é um projeto que está em pauta no Congresso Nacional e na sociedade brasileira.
Após a apresentação do vídeo, os participantes puderam dialogar sobre “por que reduzir a maioridade penal não é a solução”. A atividade contou a presença da técnica do CREPOP Apoliana Regina Groff; e das(os) Conselheiras(os) do CRP-12 Pâmela Silva dos Santos, Alexandre Aleixo, e do diretor do filme, Luiz Machado.
Segundo Apoliana, prevenção e medidas socioeducativas, contando com a construção de políticas públicas para crianças e adolescentes de 13 a 18 anos teriam uma potencialização muito maior em termos de custo x benefício, se comparadas à repressão. Além disso, é possível notar que falta uma integração da “rede”. Além da escola, outros serviços deveriam estar integrados para que esses jovens saiam da “subsociedade”. Vale mais a pena proteger do que consertar, segundo a Conselheira Pâmela, que trabalha no NASF. O sistema socioeducativo é fundamental para integrar.
O debate é amplo e a ideia do CRP-12 é disseminá-lo em diversas oportunidades, como já tem realizado, justamente para fazer com que sejam realizadas reflexões acerca do tema.
Matéria e fotos: Sidiane Kayser Schwinzer / Assessoria de Comunicação CRP-12
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